sábado, 20 de janeiro de 2018

TIMBRADOS ASSILVESTRADOS

Nesta primeira postagem de 2018 quero compartilhar com vocês uma experiência muito legal no meu Canaril (Canaril Corrêa).
Aqueles que me seguem sabem que a minha grande paixão pelos canários vai além de criar em gaiolas.
Tenho um grande prazer ao ver estes pássaros voando em espaços maiores. Sempre quis proporcionar a eles ambientes espaçosos e o mais natural possível.
Foi pensando assim que construí um viveiro bem grande aqui em casa e neste viveiro soltei alguns exemplares. Pensei no viveiro para uma experiência de rusticidade e qualidade de vida para os timbrados e os resultados foram além das expectativas. Ao longo de dois anos no viveiro vi uma evolução muito interessante. Os canários me parecem mais fortes, alegres, com um instinto bem mais aguçado e o tempo todo em atividade. Mesmo em um ambiente com possibilidade de sol forte, chuva e correntes de ar, não adoecem e se protegem perfeitamente das intempéries. Já há bem tempo deixei de tratar meus canários com medicamentos químicos. Se apresentam alguma enfermidade deixo a natureza cuidar e assim prevalecem apenas os mais fortes. Se curam vão adquirindo sua resistência. Minhas perdas são quase zero. Em dois anos de
viveiro perdi apenas uns três adultos. Estou hoje com uns quarenta exemplares no viveiro. É a maior festa. Talvez algum criador profissional possa questionar e criticar minhas ideias, mas crio apenas pelo prazer de vê-los voando e cantando naturalmente. Todo o meu trabalho com a criação eu minimizo. No canaril tudo que é possível automatizar eu fiz. No viveiro eles vivem "livres" e por lá deixo tudo o mais natural possível.
Mas nem tudo é alegria. A natalidade de filhotes no viveiro é menor é o desenvolvimento deles é completamente diferente. A diferença começa na choca. Não temos qualquer controle de dia que começam a chocar e não é possível ficar substituindo ovos. Chocam naturalmente e só sobrevivem os mais fortes. A média de sobrevivência é de apenas dois filhotes por cria e muitas vezes apenas um filhote. E não é somente isto, os filhotes demoram muito mais para emancipar. Em até 50 dias do nascimento. Mesmo já comendo sozinho ficam atrás do pai e se alimentando com ele. Demoram muito a crescer. Ao atingirem a independência adquirem  um padrão diferente do que conhecemos. Ficam menores, muito ariscos, olhos alertas e "esbugalhados". Se camuflam perfeitamente entre os arbustos e galhos secos e quando no ninho ficam em silêncio total ao entramos no viveiro. Outro ponto muito incomum quando comparamos com os canários criados em gaiola é que quando mexemos com o ninho eles saem e não voltam e nem ficam mais nele. Se tentamos colocá-los novamente, eles saem assim que nos afastamos.
Nesta temporada de 2017, escaparam uns 10 nascidos no viveiro. Todos verdes. A estes estou chamando de timbrados assilvestrados. É uma nova geração de timbrados no meu Canaril. Nascidos em viveiro grande e que não conhecem gaiola. Desta nova geração reproduzirei com eles soltos no viveiro e quero acompanhar sua evolução em ambiente assim.

O projeto inicial do viveiro era servir como voadeira para filhotes nascidos no canaril e local de descanso aos adultos. Para isto está me servindo muito bem. Este ano anilhei uns 60 canários e entre filhotes e adultos devem ter uns 40 pássaros no viveiro, sendo a maioria deles filhotes.

A unica coisa que ainda não percebi foi mudança na alimentação. Continuo fornecendo sementes e extrusada e eles mantem a alimentação destes dois alimentos com preferência para as sementes. Também se alimentam de frutas verduras e legumes fornecidos. Gostam também de se alimentarem de folhas das plantas no viveiro (folhas de goiaba, amora, mamão, romã entre outras). Ainda não percebi se estão se alimentando de insetos ou larvas, apesar de gostarem de se alimentar no chão e de fazerem muito isto quando chove ou quando rego as plantas.

Acho que ainda é cedo para falar sobre os resultados de rusticidade, mas as poucas perdas vão mostrando ser um mito dizer que canários domésticos não podem ficar expostos em ambientes abertos e em contato com a terra. A verdade é que me parecem muito resistentes e sabem se proteger muito bem das intempéries. E são muito mais resistentes a doenças do que pensamos. Sinto que não é o ambiente, mas a condição e qualidade de vida que definem a sua saúde. Em uma gaiola pequena não podem se se proteger. Em gaiolas fica difícil buscar abrigo quando expostos a condições agressivas.

Penso que em breve, talvez não crie mais em gaiolas, mas apenas em viveiros.












Luciano D.Corrêa
Canaril Corrêa